Solidão desde sempre temida, sinónimo de tristeza e angústia. Mas o que é a solidão? É necessariamente má?
A Solidão ao contrário de que possa parecer inicialmente, não é estar só ou isolado do mundo, isto é, o sentimento de solidão, pouco ou nada tem a ver com a realidade objetiva, fora de nós. A solidão é um estado subjetivo, implicando um sentimento de vazio e isolamento. É muito mais que querer uma companhia ou a realizar uma atividade em conjunto, é uma procura de transformação sentimental.
A solidão é então uma busca de transformação sentimental, normalmente com ajuda de outro ou outras pessoas. Consequentemente o sentimento de solidão e angústia só desaparecerá, na companhia das pessoas que conseguirem fazer-nos essa transformação sentimental. Perante todas as outras embora acompanhados, continuaremos a sentir-nos sozinhos.
É compreensível que a solidão não se deve a fatores externos, mas sim a fatores internos. O sentimento de solidão depende do nosso interior e não do número de amigos que temos ou o número de pessoas que estão à nossa volta. Não é assim tão raro, estar no meio de uma multidão e continuar a sentir a solidão.
Na solidão, encontramo-nos necessariamente com nós próprios e com tudo o que somos, não virá daí o sentimento de angústia e vazio, bem como a necessidade de encontrar alguém que nos distraía de nós próprios?
A forma como lidamos com a solidão, pode ser um reflexo inconsciente de como lidamos com os nossos próprios defeitos, aceitamo-los ou evitamo-los.
“O homem se torna autêntico quando aceita a solidão como o preço da sua própria liberdade. E se torna inautêntico quando interpreta a solidão como abandono, como uma espécie de desconsideração de Deus ou da vida em relação a ele. Com isso abre mão de sua própria existência, tornando-se um estranho para si mesmo, colocando-se a serviço dos outros e diluindo-se no impessoal. “Jadir Lessa
Quando formos capazes de aceitar a solidão com lucidez, sem sentimentos de angústia e vazio, teremos sido capazes de nos aceitar a nós próprios.
Aceitar a solidão com lucidez, não desvaloriza de forma alguma a necessidade e prazer das relações humanas. Pelo contrário, só conseguiremos aceitar o outro genuinamente, depois de nos aceitarmos a nós próprios, logo ao conseguirmos aceitar a solidão com lucidez, seremos capazes de aceitar melhor os outros. Contudo, não devemos usar as relações, como meio dissipar o sentimento de solidão, afastando-nos de nós próprios.
Podem eventualmente questionar, argumentando com que as pessoas que sofrem com solidão possuem 5 a 10 vezes um risco maior que serem hospitalizadas por distúrbio mental, incluindo psicose. Pergunto agora o que acontece quando não aceitamos e negamos continuamente a realidade, principalmente a realidade de nós próprios? A Psicose por definição é: “perda de contacto ou negação com a realidade”. Esses distúrbios mentais não terão origem na negação de nós, das nossas ideias, das nossas experiência?
E você, o que acha da solidão?
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Autor: Jorge Elói