O “Não” na educação ao longo da história da psicologia e até da humanidade tem vindo a sofrer drásticas e extremas interpretações. Ainda hoje não existe consenso entre educadores relativamente à importância da palavra não na Educação. Mas será importante ou prescindível?
A Educação desde sempre tem sido estudada e questionada e visto o âmbito do assunto, isto é, como toda a gente foi educada e/ou educa, têm sempre uma opinião sobre como educar, confundindo o senso comum com o pensamento científico. Assim sendo, a educação e a forma mais correta de educar nunca teve unanimidade.
O “Não” na educação, desde o princípio dos tempos tem vindo a sofrer alterações quanto à sua importância e utilidade. A opinião sobre o “Não” tem-se movido radicalmente de um extremo a outro. Contudo a ciência, nomeadamente a psicologia, atualmente parece ter compreendido o verdadeiro valor do Não e as suas consequências na educação.
Resumidamente, até as primeiras décadas do século XX, o sistema familiar que dominava era o Autoritarismo e as crianças e a sua infância era continuamente desvalorizada. Consequência da convergência de vários sistemas de crenças e valores, nomeadamente: o reconhecimento da infância e sua importância, a superioridade masculina e a desvalorização feminina, por consequência, a desvalorização da parte emocional por ser considerada uma parte feminina. Seguindo esta educação, originava crianças inibidas, confusas emocionalmente, nunca podendo brincar, nem expressar-se livremente.
Aproximadamente na década de 50, todo esse sistema de educação começa a ser posto em causa, surgindo teorias sobre a educação que “condenavam” essa forma de educar, mostrando as consequências diretas na vida adulta destas crianças. Como consequência (ou não) dos educandos da época, terem sido educados através dessa forma errada de educar, essas teorias não foram corretamente entendidas e aplicadas. Passou-se então para o extremo oposto: “é proibido proibir”, “proibir provoca traumas nas crianças”, em que a expressão “personalidade forte” era sinónimo da impossibilidade de controlo por parte dos pais. Esta educação no extremo oposto, marcada pela falta de limites (Ver Educando com limites: 8 Dicas Essenciais ), originou filhos agressivos, sentindo-se desprotegidos, desamados, com baixa tolerância à frustração, em que qualquer desejo tinha que ser concretizado no instante presente.
Atualmente sabe-se que o “Não” fundamental ao desenvolvimento saudável das crianças, preparando-as para o seu futuro e realidade, pois durante a vida irão ouvir muitas vezes o “Não” e quanto mais tarde for a primeira vez, mais difícil será! Muitas vezes é difícil dizer “Não”, mas quem ama importa-se e cuida e educação é isso mesmo. Embora seja difícil ver os benefícios do “Não” a curto prazo, acredite que a médio e longo prazo, eles estão lá.
O “Não” deve ser dito na hora certa, não deve ser excessivo ou inexistente, deve existir um meio-termo. Uma criança que aceita um não, tenderá a ser um adulto ponderado, equilibrado emocionalmente, aceitando a diferença, tolerante face à frustração, cooperante, amigo, generoso.
Educar é uma Arte
E você, tem problemas com o “Não”?
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Autor: Jorge Elói