O medo é uma das 6 emoções básicas, responsável por colocar todo o nosso organismo em alerta preparando-o para fuga ou luta, perante o perigo. Há quem defenda que possa ser a emoção mais importante pois se não fosse o medo o ser humano não teria chegado até ao momento presente, pois possivelmente teria sucumbido perante perigos e predadores.
O medo depende de inúmeros fatores, experienciais, culturais, cognitivos, etc. Muitas coisas contribuem na perceção de perigo. A nossa perceção subjetiva pode não corresponder à realidade objetiva, o que faz com que muitas vezes percecionamos perigo quando este realmente não existe. Isso acontece frequentemente nas crianças.
As crianças possuem uma “mistura explosiva” facilitadora de medos, isto é, a sua estrutura cognitiva possui determinadas características que fazem que facilmente deem origem a medos, estou-me a referir a pouca experiencia, pouco conhecimento e como é óbvio em todas as crianças, muita imaginação e criatividade. Com esta mistura, pode transformar facilmente alguns estímulos aleatórios em uma personagem da sua imaginação.
É possível descrever os 10 medos mais frequentes nas crianças:
Medo de Monstros e Fantasmas – visto a imaginação e criatividade das crianças, qualquer sombra pode representar um medo.
Medo que as pessoas amadas morram – embora não percebam ainda o que é a morte, percebem como afeta as pessoas que ama. Para elas morrer é desaparecer para sempre.
Medo do escuro – mais uma vez a imaginação tem um papel fundamental, vendo coisas onde elas na realidade não existem.
Medo dos médicos – como se vai ao médico quando estamos doentes ou temos alguma dor, o medico fica associado a dores e doenças, logo ir ao médico é “mau”.
Medo de perder os pais – desde cedo os pais são o “porto seguro” das crianças. São quem contribui para a satisfação de todas as suas necessidades, logo os pais são tudo para a criança.
Medo de estar sozinho – as crianças muito dependentes dos pais, ou de outras pessoas, têm frequentemente este medo. Pois não têm o seu “porto de abrigo”, a sua orientação. Estar sozinho relaciona-se com o fato de se sentirem sem apoio.
Medo de desconhecidos – talvez mais de influência cultural, é frequente as crianças terem medo de pessoas que não conhecem. Neste medo os pais podem contribuir, pois criam uma imagem negativa do “desconhecido”. A intensão dos pais é boa, porém esquecem-se que os “desconhecidos dos pais” são diferentes dos “desconhecidos das crianças”. Podendo assim ter medo de um familiar.
Medo de pessoas disfarçadas – neste medo, à semelhança de outros, a imaginação tem um papel fundamental. Uma pessoa disfarçada, é como uma mistura momentânea do seu mundo de fantasia (onde tudo é possível) com o mundo real.
Medo de animais – mais um medo em que a cultura tem um papel importante, é o medo de animais, principalmente animais “não habituais”. A falta de conhecimento e experiencia, são os fatores centrais neste medo.
Medo de situações perigosas – frequentemente não refletem situações reais, mas situações da própria imaginação da criança.
Os medos são contagiantes, intra e inter sujeitos, isto é,inter porque uma criança (ou adulto) pode adotar um medo dos pais ou amigos próprios e intra porque um medo de uma criança (ou adulto) pode associar-se a muitas outras coisas originando muitos outros medos.
É importante voltar a referir que o medo é uma combinação de crenças, imaginação, conhecimento e experiência. Logo a educação é cruciar e fundamental na “formação” ou “não formação” dos medos.
E você, de que tem medo? E os seus Filhos?
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