A solidão é um dos sentimentos aparentemente mais complexo e contraditório, pois algumas pessoas procuram a solidão e outras evitam-na a todo o esforço. Pois há pessoas que conseguem “gerir bem” esse sentimento enquanto para outras é completamente desestruturante. Mas porque existe tanta diferença?
A solidão é um sentimento complexo, deriva essencialmente da construção da realidade subjetiva de cada um. Pois o sentimento de solidão não é obrigatoriamente estar só, pois como é comum, podemos estar no meio de uma multidão de pessoas, porém esse sentimento ainda assim existir.
Se não deriva do exterior, onde então tem origem esse sentimento?
É mais importante a forma como experienciamos internamente determinado acontecimento do que a realidade objetiva do acontecimento. Isto é, o que importa não é o que vivemos, mas como interpretamos o que vivemos. Nós é que damos o significado ao que vivemos, nenhum acontecimento possui significado por si só. Assim sendo o sentimento de solidão tem essencialmente origem em nós próprios, ou melhor, no nosso inconsciente.
A nossa construção da realidade vai definir o que sentimos e como sentimos, por isso, a solidão para pessoas pode ser construtiva, enquanto para outras altamente destrutiva. Tal como a felicidade, a solidão vem do interior e não de fatores externos.
Será que conseguimos lidar com a nossa própria companhia?
A resposta a esta questão vai definir se a solidão é destrutiva ou construtiva, pois a solidão é essencialmente lidarmos com a nossa própria companhia. Isso implica, aproximarmo-nos de nós próprios, dos nossos sofrimentos, dos nossos assuntos mal resolvidos, das nossas imperfeições e nesse momento há pessoas que se aceitam, enquanto outras que se rejeitam. Nos momentos de solidão, há pessoas que aproveitam para conhecer-se melhor, enfrentando de frente os seus medo e sofrimentos. Enquanto as que passam o tempo todo a negar esses medos e sofrimentos, quando se deparam que realmente eles existem, “fogem” ou saem “destruídas”.
Mas uma qualquer “reconstrução” passa obrigatoriamente por uma fase de “destruição”. Como podemos ter algo novo, sem deixar, destruir o velho? E para o reconstruir é necessário conhecer e aceitar.
“Curioso paradoxo: quando me aceito como sou, posso então mudar.” Carl Rogers
Frequentemente as pessoas quando passam por um acontecimento menos bom, necessitam de estar sozinhos, muitos nem entendem porque o fazem. Mas esse “isolamento” (físico ou apenas psicológico) pode ser entendido como uma tentativa inconsciente de gerir melhor as emoções que derivaram desses acontecimentos menos bons.
A solidão proporciona essencialmente auto-conhecimento, pode ser suficiente para a mudança ou não. Pois mesmo deparando-se consigo mesmas, muitas pessoas não se “compreendem”, “confundindo-se ainda mais”.
E você, como é para si a solidão?
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