Ao longo do tempo as alucinações permanecem ainda um mistério. Serão apenas imagens do cérebro sem significado, ou será que poderão ter algum significado? Terão alguma razão para existir, ou simplesmente são uma consequência de um mau funcionamento cerebral? Estas e outras são perguntas que desde o início da psicologia, têm sido objeto de estudo, procurando a verdadeira resposta.
O cérebro pode ter várias “modalidades”/ tipos quantos inputs este comporta, isto é, podem ser: alucinações visuais, alucinações auditivas, alucinações cinestésicas, alucinações olfativas e alucinações gustativas, alguns autores defendem também que podem existir alucinações relacionadas com dor, como a dor do membro fantasma.
As alucinações só por si são sintomas de algo que não está “bem”, tal como a febre, só por si não é uma doença, mas um sintoma de algo que possa estar a acontecer no organismo.
Existem várias formas de abordar as alucinações, numa abordagem cognitivo-comportamental, as alucinações são vistas como sintomas, não dando muito enfâse ao eventual significado. Já uma abordagem psicanalista/psicodinâmica defende que a alucinação, tem um significado e este deve ser interpretado. Ao nível neurológico, as alucinações são ativações aleatórias do cérebro, reflexo de mau funcionamento, sem qualquer significado.
Porém, a questão, quando se tem uma alucinação, é com algo muito específico. Podendo “alucinar” com infinitas coisas, porque com algo tão específico? Por vezes as alucinações são algo altamente complexo, construindo todo um mundo paralelo/alternativo ao mundo real. Como pode ser isso construído de forma aleatória algo tão complexo?
Se as alucinações têm significado, qual será? Terão alguma função em especial?
Segundo alguns autores, essencialmente os que seguem Freud acreditam que nada no cérebro é por acaso ou simples coincidência. Assim sendo, as alucinações possuem um significado, mesmo fugindo à compreensão do próprio indivíduo, a sua compreensão situa-se no seu inconsciente.
As alucinações estão presentes em inúmeros quadros psicológicos, como a esquizofrenia, os surtos psicóticos, ou mesmo a psicose em termos gerais.
Para os autores que defendem o seu significado, eles também afirmam que esse significado está intimamente relacionado com a sua suposta função. Segundo estes autores, as alucinações são formas inconscientes do cérebro garantir o “bem-estar” relativo do indivíduo. O cérebro prefere uma realidade coerente a uma realidade real, e perante um sofrimento insuportável, incoerente com a realidade do indivíduo. As alucinações trazem mais coerência à realidade, diminuindo o sofrimento, porém com um preço elevado, afastando o indivíduo da realidade.
Assim a alucinação irá no sentido contrário ao sofrimento, logo sabendo a alucinação, pode dar indícios do “sofrimento” presente no inconsciente. Por exemplo, uma pessoa que se sente sozinha, abandonada por todos. Tendo um sofrimento consequente extremo, sendo impossível de ser “gerido”, um sofrimento tão grande que o próprio individuo não o vê como possível de existir na sua realidade, assim surge a incoerência. Por consequência, o cérebro para garantir a coerência vai construir alucinações garantindo a coerência. Em cada caso existem inúmeras formas de garantir a coerência, neste caso específico: o indivíduo pode alucinar com pessoas que interagem com ele, fazendo-lhe companhia; pode sentir-se o centro do universo, com poderes, sentindo-se importante; pode imaginar-se imprescindível para um país, planeta, etc. Perceber o sofrimento pela alucinação é complexo e cada pessoa é única.
Com base nessa mesma percetiva, é frequente alucinar com pessoas falecidas, principalmente após pouco tempo do seu falecimento, de forma à sua despedida não ser tão “brusca” ou “radical”.
Alguns filmes retratam essa função de “conservação” das alucinações, tais como: K-Pax ou A Beautiful Mind .
E você, já teve alguma alucinação?
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